Agência 10senvolvimento
Seu Antônio Batista Gomes, conhecido popularmente como “António do Santo”, é muito respeitado e querido no extenso gerais de Formosa do Rio Preto. Nasceu na comunidade de Cachoeira, na beira do Rio Preto, e adquiriu um pouco de conhecimentos escolares no povoado de São Marcelo. Com 15 anos, começou a trabalhar como vaqueiro na região de Gatos, acima do encontro dos rios Preto e Santo. Depois da morte do padrão, continuou trabalhando por conta própria, fez moradia no Gatos e casou-se em 1970, fundando um lar logo muito cheio de filhos e filhas, sejam do casal mesmo, sejam de adoção. Ganhava a vida com a produção de farinha, a qual levava, numa viagem tropeira de três dias, a Dianópolis no Tocantins. Ficou viuvo no ano de 1980, mas logo casou-se de novo, com Dona Darci que lhe deu mais uma filha. A partir do ano de 1976, o latifúndio “Estrondo” começou usurpar o lado direito do Alto Rio Preto, e já em 1978 pistoleiros da “Estrondo” chegaram na porta da de Seu António, ameaçando que iam derrubar a casa dele com um trator de esteira, caso não desocupasse imediatamente o trecho. Contudo, Seu António do Santo não cedeu à pressão. Juntamente com seu irmão Adão e com seu tio Pedro Preto fez viagens cansativos a Salvador e Brasília, chamando a atenção de autoridades, conseguindo acionar uma vistoria da Polícia Federal. As duas guaritas da “Estrondo” instaladas na terra do Gatos, o Seu António derrubou com os próprios braços. – Hoje, Seu António, homem geraiseiro de fibra, não mede forças para reforçar a luta geraiseira; participa de viagens de representação do nosso gerais, dá testemunho destemido da grilagem persistente na região e anima a juventude de seguir ao seu exemplo e construir uma vida livre e realizada em boa convivência com o nosso belo Cerrado.
Seu Gisélio Farias Serpa, nascido em 1947 no município de Formosa do Rio Preto, pode ser considerado o homem dos olhos mais azuis no mundo geraizeiro. Ficou órfão numa idade muito tenra: Assim, Gisélio foi criado na casa de Seu “Preto”. Passou somente uma semana da vida dele numa escola. Não obstante, Seu Gisélio lê a Palavra de Deus como poucos, citando trechos compridos, de cor. – Casou com Dona Valdívia Barbosa de Farias, e com ela criou 8 filhos. Ganhou o sustento da família levantando casas, construído currais, cavando cisternas e quebrando pedras. Dotado de inteligência rara, conseguiu trabalhar no INTERBA cubando terra e madeira no gerais. Durante todo esse tempo passou muitos meses do ano nos chapadões e nas veredas do gerais, trabalhando como vaqueiro e, a partir de 1974, soltando um rebanho de gado próprio no Alto Rio Preto. Em 1985 vendeu o gado e comprou uma terrinha na comunidade de Arroz, onde vive até hoje com sua família. – Começou a militância no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, sendo no início barrado por demostrar uma postura demasiadamente crítica frente ao latifúndio. Contudo, desde o ano de 2001 faz parte da direção do STR de Formosa do Rio Preto. – Seu Gisélio tornou-se o principal guia da 10envolvimento no extensíssimo gerais do município. Não há um morro, um brejo, um boqueirão que ele não conheça. Dono de uma sabedoria popular extraordinária sobre a fauna e a flora do Cerrado, explica como tudo é interligado. Diz, por exemplo, que o recuo dos pés de Jatobá ocorre por que faltam os porcos do mato que roem a polpa e fazem assim as sementes germinarem. “No dia da minha morte, morrerei com sinceridade”, conclui, com um largo sorriso, como vem levando a sua vida toda.


Histórias maravilhosas de vida estão nesses dois relatos...muitos, hj, com certeza deram uma passada aqui pra lerem sobre esses dois geraizeiros,após a postagem dos links, e ainda relataram sobre mais nomes...
ResponderExcluirMuito Bom...Eles não aprendem com a gente, moradores da cidade. Nós aprendemos com eles.