05/09/2014

“DEPOIS DO ACIDENTE, JÁ VOEI DUAS VEZES”, DIZ FOTÓGRAFO RUI REZENDE APÓS ALTA MÉDICA

Após alguns dias de internação no Hospital do Oeste, Rui foi transferido para o Hospital São Rafael em Salvador.



Quando passou pela porta do elevador no Hospital São Rafael, no fim da manhã de ontem, o fotógrafo Rui Rezende — acidentado durante um voo no Oeste do estado no dia 24 de julho — usava um simples par de sandálias, bermuda e uma camisa surrada. Em várias partes do corpo, curativos, hematomas e até gesso imobilizador, mas os braços magros, apesar das cicatrizes, estavam abertos e os punhos fechados e seguros no ar, comemorando uma vitória, a maior de todas: a volta à vida depois de chegar tão perto da morte.

Rezende fotografava uma plantação de algodão na Fazenda Santo Antônio, na região de Barreiras, Oeste do estado, a bordo de um avião de pequeno porte, por volta das 11h do dia 24 de julho, quando a aeronave caiu. As causas da queda ainda são desconhecidas. O fotógrafo e a piloto, Ana Maira Moraes se feriram no acidente e, ali, sobre aqueles pés de algodão, a dupla começou a travar uma luta pela vida.



Após alguns dias de internação no Hospital do Oeste, Rui foi transferido para o Hospital São Rafael em Salvador. Nesse período, o fotógrafo chegou a enfrentar nove dias em coma induzido, voltando à consciência apenas no dia 3 de agosto. “Deus me ressuscitou, me sinto bem, me sinto forte, passei muitas dificuldades nesse período de recuperação, minha família sofreu muito, mas agora estou feliz, pois me apeguei a Deus e ele viu que ainda tem muito para fazer aqui na Terra”, afirmou Rui.
Ainda fragilizado pelo longo período de recuperação depois do acidente que quase lhe tirou a vida, Rui relembrou os dias que seguiram a retomada da consciência no hospital. “Nesse momento que a gente acorda e vê o que se passou, a cabeça fica meio fora de lugar. Foi aí que coloquei meus pensamentos na minha família e procurei encarar as coisas com bom humor. Tudo isso me ajudou a me recuperar”, relembrou o fotógrafo, entre lágrimas.
O bom humor, inclusive, pareceu aumentar a cada metro que o aproximava das portas do hospital que lhe serviu como casa por cerca de um mês. Com sorrisos, caras, bocas e piadas, Rui Rezende informou que, apesar de a câmera que usava no voo ter se avariado, o cartão de memória está intacto com as fotos que ele tirou aquele dia e que, assim que a recuperação estiver completa, ele sobe de volta em um avião para continuar o projeto fotográfico que está conduzindo. “Não tem trauma certo! Depois do acidente, já voei duas vezes: uma para chegar da fazenda até Barreiras, e outra de Barreiras para Salvador. Agora terei o cuidado com a aeronave que vou escolher”, se divertiu o fotógrafo.
Rezende deixou o hospital por volta do meio-dia, acompanhado da esposa, Renata de Moraes, a mãe, Sonia Rezende, e a irmã Maria Rezende. A companheira do fotógrafo não escondeu a preocupação em vê-lo voltar a entrar em um avião depois do susto com o acidente, mas admitiu não ter como frear a paixão do marido. “Ele diz que eu mando nele, mas acho que é só para me enrolar. O que aconteceu foi um acidente, não acho que deva criar um pânico nem nada disso. Aliás, um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”, disse Renata acompanhando o bom humor de Rui.
O fotógrafo também lembrou da piloto Ana Maira Moraes, que segue internada no Hospital do Subúrbio. Segundo informações da unidade, o quadro dela é estável, sem previsão de alta, mas sem risco de morte. Rui disse que, assim como a sua família hoje pôde comemorar a volta dele para casa, em breve os familiares de Ana poderão comemorar a alta dela do hospital. “Ela é uma piloto experientíssima, sei que a recuperação dela demorou um pouco mais que a minha, mas tenho certeza que logo ela vai estar 100%. Sei que um dia a gente vai voar juntos de novo”, afirmou.

Correio da Bahia

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