Com uma saudação ao Intercâmbio dos Valares Éticos, que se cultuavam no Torrão de minhas reminiscências, publiquei nosso último artigo, manifestando ali o que, de melhor, poderiam guardar minhas lembranças.
Hoje, ao invés de uma mensagem de louvor aos dias atuais, pelo culto dos valores que dignificam a vida das pessoas, da sociedade e das instituições, em destaque a vida pública, com a palavra do exemplo, no exercício de funções da mais alta relevância, nossa mensagem é de pesar pelo que vem ocorrendo naquele mesmo Torrão de minhas reminiscências. (Leia aqui)
Referimo-nos ao esquema de grilagem de terras na zona rural de Formosa do Rio Preto versus vendas de sentenças, do que, dentre outras improbidades, nos fala a Operação Joia da Coroa, a terceira fase da Operação Faroeste, objetivando desativar tal esquema de grilagem, do que, graças à decisão do Conselho Nacional de Justiça, mantida pelo Supremo Tribunal Federal, resultou em garantir a titularidade de 366 mil hectares a cerca de 300 pequenos produtores rurais, moradores da região da Coaceral.
Mais grave do que o esquema de grilagem, são as vendas de sentenças favoráveis à ocupação de terras por meios ilícitos, considerando-se que, enquanto ao grileiro falecem os princípios de moralidade, imprescindíveis tais princípios se fazem na postura do magistrado, para o cumprimento de tão nobre missão judicante, pelo que não é demais afirmarmos que a postura ética de um juiz é superior ao seu saber jurídico.
Como também não é demais ressaltarmos que não há ganho quando ele nos chega por vias tortuosas, expressas em ilicitudes, cuja baixa é fatal na Bolsa de Valores Morais, a ponto de se perder o privilégio de ir e vir com o olhar desejoso de reencontrar amigos, para afetuosos abraços.
Pagamos alto preço pelo embarque na inversão dos valores, a começar pelo conceito de riqueza, atribuída tão somente àqueles que possuem patrimônio econômico, com flagrante desprezo aos valores que realmente se traduzem em riqueza, como os gestos de grandeza em nome de causas nobres, inclusive na distribuição justa e equânime da considerada riqueza material.
Comporta acrescentar que, dentre os poderes da República, temos no judiciário um dos que mais se impõem ao nosso respeito, pela nobre e delicada função de julgar, quanto pelo imperativo de somente poder exercê-lo os possuidores de conduta ilibada e saber jurídico, bem como pela alta responsabilidade como guardião da Constituição Federal.
Assim, há de se esperar que nos Autos se tenha a única linguagem do magistrado, sob o reforço das lições dos grandes mestres do saber, como as que se inserem no legado de Sócrates ante a taça de cicuta: “Melhor morrer com honra, ao fugir e viver desmoralizado”.
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