22/10/2017

VALSA FÚNEBRE: AGRONEGÓCIO X RIO PRETO E SEUS AFLUENTES

Por: Cristiano Guedes
As reservas hídricas riopretenses  sofreram um terremoto, sem que o abalo sísmico fosse percebido.
Vivencia-se, hoje, o momento mais crítico da degradação da bacia hidrográfica no vale do Rio Preto. Uma valsa fúnebre ao som de tango argentino, marcado pelo triste enredo entre o "IMPORTANTE E FANTASIOSO AGRONEGOCIO" e o "RIO PRETO E SEUS AFLUENTES".
O inglês Thomas Malthus, em uma de suas polêmicas opiniões acerca da capacidade de produção de alimentos: esta última cresce de forma aritmética, enquanto o crescimento populacional cresce de forma alarmante. Ele propôs uma política de controle de natalidade para que houvesse um equilíbrio entre produção de alimentos e população. Nestas circunstâncias, Malthus diria que a nossa problemática seria a vitória e confirmação da sua tese em um contra golpe aos adventos da tecnologia, que superaram os seus livros e as suas questionadas teses. 
Essa constante entre produzir alimentos e manter os recursos naturais, porém, em tempos onde as ciências tecnológicas nos possibilita soluções palpáveis claras e viáveis, precisamos implantar em todas as atividades, o conceito de meio ambiente sustentável. Efetuar, com urgência, um casamento entre o agronegócio e a hidrologia, a fim de reverter a atual situação desse maldito divórcio, hoje vivenciado, onde o agronegócio, necessário à produção de alimentos para sustentar as contas do nosso município e suas mais distintas secretarias, desde saúde, educação, entre outras, o qual está a secar o rio Preto, fonte premente para matar a sede e para manutenção da vida no município de Formosa do Rio Preto e todo ser vivente que o margeia desde as fraldas do Espigão Mestre até o seu desemboque na serra do Boqueirão, no município de Mansidão.
Toda a planície do cerrado foi desmatada
As planícies do cerrado do MATOPIBA e o seu solo particulado.
As raízes profundas das árvores deste bioma, são importantíssimas para a continuidade do ciclo da água, por armazenar no subsolo do Brasil Central milhões de litros cúbicos de água anualmente em locais onde a flora continua preservada, fato que presenciamos no Gerais do Rio Preto e que, por consequência das atividades agrícolas implantadas de forma inconsciente, está desarticulado. Nossas atividades agrícolas cortaram, interromperam o ciclo da água e a nossa caixa d'água já está perdendo volume há mais de 30 anos, declinando-se drasticamente nos últimos 5 anos, sem que seja reposta, pois o desmatamento impossibilita a absorção de água pelo solo por mais que os  índices de chuva sejam satisfatórios.
Conclui-se, através de resultado e análises em toda a bacia hidrográfica, somando os avanços do desmatamento nestas áreas do planalto do Gerais do Rio Preto, que em um total de 20 anos os cursos de água estarão com 80% de sua capacidade de fornecimento comprometidos, o que significa que municípios como Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia terão o seu fornecimento de água muito abaixo do suficiente, além do grande prejuízo a todo o Nordeste e ao país, o que refletirá no sistema internacional pois a produção de alimentos do município mata a fome de centros europeus e asiáticos.
Os estudos realizados acerca da fauna e da flora concluíram que várias espécies de plantas já foram extintas no cerrado e na caatinga, biomas que compõe as extensões territoriais e, principalmente, animais da fauna local.
Enfim, para solução da problemática, urge implantar o projeto agronegócio sustentável, levando em primeira instância o diálogo com os produtores, com um discurso alicerçado na manutenção dessa produção e de seus lucros ao longo do tempo, além de um trabalho de acompanhamento e incentivos fiscais por parte dos órgão municipais, estaduais e federais aos latifundiários que se estruturarem dentro do projeto de reestruturação do cerrado, elaborado por nossos gestores ambientais, situação, cuja administração, na atualidade, é de cunho estritamente particular.
A implantação desse sistema restabelecerá o ciclo da água e manterá a produção de alimentos com agricultura integrada e sustentável.
Linda passagem de água no Riachão do Ouro, um dos afluentes do Rio Preto afetado pelas atividades antrópicas no planalto do Gerais.

Região do parque estadual do Jalapão interligada ao Gerais.


Corredeiras no Gerais em desequilíbrio e constante perda de volume; área com potencial para o turismo ambiental.


Mapa do desmatamento, fato que atinge a permeabilidade do solo, causando a perda de água no reservatório subterrâneo, e consequentemente nos córregos e rios sustentados por essa bacia. A parte amarela são as lavouras, a parte verde escura é o vale do Rio Preto, desde a sua nascente na região da Garganta, na divisa com o Tocantins, a direita Rio dos Santos e a esquerda Rio preto, nascentes, e os rastros como uma espinha de peixe, são os córregos que recebem água do reservatório subterrâneo, que se encontra sob as planícies desmatadas acima das suas nascentes.                                                                                                            
São extensões de centenas de quilômetros só no município, somados a outros milhares de quilômetros desmatados nos municípios do MATOPIBA.


Lavouras sobre a planície acima da cabeceira de todas as nascentes do rio Preto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário