21/06/2017

O CLAMOR ECOLÓGICO


"Tomado de extrema preocupação,  vendo que a situação do cerrado e de outros problemas correlatos estão a despertar uma atenção toda especial e imediata por parte de governos versus sociedade civil organizada, escrevi este artigo", afirma José Paes Landim, cronista do Jornal A TARDE, em Salvador-BA, natural de Santa Rita de Cássia e criado em Formosa do Rio Preto.

Chocam-nos as notícias do desmatamento do cerrado, com maior gravidade na área do oeste baiano, que integra a fronteira agrícola do Matopiba, reunindo os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, choque justificado pela forma predatória do agronegócio, sem o mínimo respeito à natureza, ferindo-a de morte, sob a complacência das leis, dos governos e da sociedade, agressão ambiental que se torna ainda mais grave pelas trágicas consequências.
Não ignoramos os benefícios de que goza a economia regional, bem como a nacional, pela exploração do agronegócio, que receberia total aplauso se, ao invés de se desenvolver tão predatoriamente, o fizesse de forma autossustentável, sob os cuidados de preservação do meio ambiente.
A fim de se evitar o pior, fazem-se imprescindíveis políticas públicas, de mãos dadas com a sociedade civil organizada, no sentido de salvar o que ainda nos resta, pois que, a continuar como está, fatal será o desaparecimento de vários rios, de cuja catástrofe não se salvará o próprio São Francisco, comportando lembrar que a morte, já ocorrida, de vários tributários, dá sinais evidentes dessa tragédia.
Veem-se que catastróficas perspectivas têm fundamento científico, como se tem a comprová-lo uma entrevista do renomado antropólogo e arqueólogo baiano Altair Sales Barbosa, publicada na Revista Muito, de 16/4/2017, através da qual, como profundo conhecedor dos segredos do cerrado, nos assevera que a devastação que se alastrou pelo oeste baiano é algo nunca visto na história da humanidade,
Lembra-nos ainda aquele estudioso, que, em boa medida, a extinção da vegetação do cerrado já ocorreu, restando-lhe entre 2% e 5%, o que é muito grave, acrescentando que se engana quem pensa que o pior está distante, chamando atenção das cada vez mais constantes crises de abastecimento de água nas grandes metrópoles, cujo agravamento será crescente.
Indo além, nos dá conta de que os rios que, antes, dependiam dos lençóis freáticos, hoje, dependem da chuva, visto que ditos lençóis já chegaram no nível de base, observando-se que, para maior gravidade das agruras do cerrado do oeste baiano, seu desmatamento ocorre em ritmo cerca de 2,5 maior do que na Amazônia, com o agravante de que, enquanto a Mata Atlântica e a floresta Amazônica são recuperáveis, o cerrado, uma vez degradado, não se recupera na plenitude de sua biodiversidade.
A agressão à natureza, mãe de tantas preciosidades, expressas na beleza de suas riquezas, incluindo nossos rios, nos dá uma mostra do que é capaz a mão predatória do homem na busca do lucro sem limites, não importando que, no rasto de sua ambição, agonizem outros valores de maior importância na vida dos negócios e das instituições.

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