29/11/2013

SUCESSÃO NA BAHIA: Base governista define candidatos ao governo e ao senado; oposição segue indefinida



O tabuleiro de acarajé em que se transformou a disputa pelo governo do estado nas eleições de 2014 ficou mais incrementado nesta semana. A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a baiana Eliana Calmon, pediu aposentadoria para ser candidata ao Senado na chapa do PSB, encabeçada por Lídice da Mata. A magistrada deve se filiar à legenda no dia 9 de dezembro, em festa que contará com a presença do presidente nacional do PSB, o candidato à Presidência, Eduardo Campos.

Por outro lado, o governador Jaques Wagner (PT) não dormiu no ponto e comandou pessoalmente a escolha do candidato da base governista. O escolhido foi mesmo o secretário chefe da Casa Civil estadual, Rui Costa. 

Bem a seu estilo, discreto, Wagner fritou no azeite de dendê um por um dos pretensos pré-candidatos ao pleito, dentro e fora da cozinha petista, e impôs sua vontade. Não teve santo, orixá ou amizade com Lula que o fizesse mudar de ideia. 

A confirmação da candidatura de Rui Costa foi antecipada pelo governador em entrevista à Rádio Metrópole na quinta-feira (28), e será oficializada no sábado (30), num encontro da legenda. O chefe da Casa Civil já fala como o escolhido. Enquanto o governo se ajeita, a oposição continua em cima do muro: diz que sai unida, mas ainda não sabe se liderada pelo presidente estadual do PMDB, Geddel Vieira Lima, ou pelo ex-governador Paulo Souto (DEM), que insiste em se manter omisso.

Lídice da Mata bota o bloco na rua

Puxando o bloco dos rebelados-independentes, Lídice da Mata parece já ter se conformado em lançar sua candidatura só para fazer palanque no estado para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, candidatíssimo à Presidência da República pelo PSB. Cautelosa, a senadora defende o direito de se posicionar contra o PT, mas diz que não está entre suas plataformas de campanha criticar o governo Wagner, ao qual está ligada desde a primeira gestão. 

"Não há mais a possibilidade de ser a candidata do governo. Não é porque o PT, que é o maior partido, tem a presidente e o governador, tem que ser o líder do processo político. É preciso abrir espaço dentro da própria frente. Temos que representar valores, atuar na política sabendo que ela tem um caráter pedagógico", afirmou em entrevista à Rádio Metrópole.

"Nossa posição tem muito de pedagogia. Não posso participar de um governo durante sete anos e sair criticando. O PSB apoiou Wagner antes do PT definir que ele seria candidato. Mas, posso me colocar como alguém que tem propostas novas e diferentes do governo. Não é minha plataforma criticar o governo", completou a senadora.

Gabrielli: o perseverante

Na área de serviço dos petistas, o secretário de Planejamento do Estado, José Sérgio Gabrielli (PT), bem que tentou convencer Wagner de que seria o candidato ideal. Fez plenária, pediu a ajuda do ex-presidente Lula, foi ao Ilê Ayê, lançou o movimento "Tô com Zê", insistiu até os 45 minutos do segundo tempo. Mas, não adiantou.

 "A decisão tem que ser do coração, e o nome deve ser de comum acordo entre o governador e o diretório. Isto só deve acontecer durante a reunião do diretório no dia 30 de novembro, o PT precisa sair unido desta decisão", disse em recente entrevista à Rádio Metrópole. 

Se Rui Costa for eleito, talvez, os petistas possam dar uma colher de chá a Gabrielli, deixando que ele continue como secretário de Planejamento, tudo em prol da Ponte Salvador-Ilha de Itaparica, projeto que defende com unhas e dentes numa devoção quase que cristã. 

Qual o destino do homem de Antas?

Falastrão e cheio de si, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo (PDT), não perde a pose. Andou dizendo que sairia candidato ao governo de qualquer jeito, que não aceitaria ser vice na chapa de ninguém. "Vice não tem tinta na caneta". Mas, foi engolido e sairá de fininho, assim como todos os outros. Apesar de o PDT divulgar que manterá sua candidatura, a legenda já costura nos bastidores uma aliança com o PSB de Lídice da Mata. 

Aliás, se falta de noção e deslumbramento fossem pré-requisitos para garantir candidatura, o ex-prefeito de Camaçari Luiz Caetano e o secretário estadual da Saúde, Jorge Solla, já estariam na cabeça de chapa. É bem verdade que Caetano tirou o time de campo na hora certa. E o que falar de Jorge Solla? Não dá para levá-lo a sério.

Mais uma vez, não deu 

Walter Pinheiro sonhava com o Palácio de Ondina. Colocou-se à disposição, mas não viabilizou a candidatura. Tentou uma última cartada no sábado (23), no evento que denominou "Balanço de mandato". Falou com as paredes. 

"Eu agora quero insistir em uma das propostas que fiz há muito tempo. Nós temos quatro candidatos. Ao invés de três retirarem as candidaturas é melhor que o PT escolha um. Estou apresentando meu nome para que seja apreciado". O senador, apelidado de Sansão por colegas, não achou força na vasta cabeleira que ostenta. Melhor se contentar com o Senado, no meio de tantos zumbis, pelo menos tem posto garantido.

"Nós temos que escolher logo o nosso"

Com o discurso de unidos venceremos, a oposição segue indefinida. Geddel Vieira Lima não esconde que quer ser o candidato, mas sem agonia. "Não tem porque ter pressa, o momento é de dialogar para chegar a uma decisão tranquila. Obviamente, se o governo adianta o nome do seu candidato, nós temos que escolher logo o nosso".

Ao seu estilo, Geddel aproveitou para alfinetar Wagner. "No fundo, o governador faz aquele discurso de que é uma pessoa diferenciada, mas exerce o mesmo papel autoritário que ele criticou um dia. Quanto a Rui Costa, nós teremos possibilidade de debater a Bahia".

Geddel falou ainda a respeito da candidatura de Lídice da Mata. "Lídice é uma figura vinculada ao lado de lá. Ela vai dificultar um eventual crescimento de Rui Costa e vai ter uma dificuldade de discurso. Mas, Lídice entra na campanha como carne ou peixe?", questionou.

Nem vai, nem dá o lugar a outro

Quieto, sem fazer estardalhaço, o ex-governador Paulo Souto adotou a estratégia de ficar em cima do muro. Sempre que perguntado, diz que tem conversado muito com os colegas oposicionistas, mas não define se é ou não candidato a governador. Já o PSDB, do deputado federal Jutahy Magalhães, joga com o que tem - o ex-prefeito de Mata de São João João Gualberto. Tão inexpressivo quanto Jorge Solla, o tucano tem viajado pelo interior tentando viabilizar sua candidatura. Porém, esbarra, dentre outros problemas, no fato de ser desconhecido.

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